Dedicado especialmente aos meus filhos , netos e amigos, aqui se encontram muitos anos de vida, muitas nacionalidades, muitas viagens, belissimos pratos, deliciosas bebidas e muitos encontros ao redor da mesa.

"Savoir vivre, boa mesa, bellissimi vini."

quinta-feira, 8 de março de 2018

Bôlo de bacalhau e como não passar pela vida sem deixar um rastro de memórias

 
 
Depois de muito viver, poderíamos nos perguntar: Quem foram as pessoas que passaram por nossa vida? Quais memórias tenho delas? Por uma incapacidade do ser humano, ou talvez uma defesa, poucas são aquelas das quais nos lembramos. São boas as lembranças? Lembranças sofridas? Amargas? Com a lembrança vem um sorriso ao rosto, uma expressão de ternura? Lembramos da pessoa, da voz, do riso, da experiência, mas não lembramos do nome?
E podemos indagar, quem lembra de mim, que lembranças estou deixando pelos caminhos percorridos nesta vida?
Esta reflexão me veio quando estou a remexer minha biblioteca de gastronomia. Deparo-me com um caderno amarelado pelo tempo, já sem capa, com receitas fotocopiadas de um caderno original, fotocopiado há aproximadamente 44 anos, em St. Louis, no Missouri.
Àquela época morávamos por lá, meu marido fazia a sua residência médica em cirurgia no St.John ´s Mercy Hospital.
 St. Louis está localizada no centro dos Estados Unidos, no Middle West como se dizer. Poucos eram os brasileiros que por lá residiam, mas, como todo grupo minoritário, uniam-se para matar a saudade da língua pátria, para contar proezas e chorar tristezas. Era um grupo bom. Fazíamos o melhor que podíamos nas nossas reuniões. As mulheres se esmeravam em apresentar pratos do gosto brasileiro.
Não lembro mais do nome de todos os brasileiros do grupo. Lembro bem do médico Raul Lamim e sua queridíssima esposa Cristina. Da médica Fátima, da portuguesa Maria casada com o Dr.José,     que visitamos na cidade do Porto, recentemente.
Mas esse caderno me faz lembrar de um brasileira muito dedicada ao lar, que àquela época nos brindou com pratos maravilhosos e ainda nos presenteou com a cópia dele. Chamava-se Shirlei .Não sei mais o sobrenome, nem por onde anda. Mas ela deixou um bom rastro, uma boa memória.
Homenageio a Shirlei e todas as mulheres que , sensíveis ao valor subjetivo agregado a uma boa mesa, deixam memórias por onde passam, memórias que exalam um aroma de lar, ou um calor dos abraços.
 
Torta de bacalhau da Shirlei
 
1/2 quilo de bacalhau dessalgado e desfiado
250 gramas de camarões frescos
3 a 4 batatas pequenas a médias cozidas e em purê 
1 lata de tomate pelado
cheiro verde
noz moscada, pimenta e sal a gosto
5 ovos, claras em neve
 
Modo de fazer
Coloca-se azeite em uma panela, com temperos como alho, cebolas picadas e cheiro verde.
Adiciona-se 4 tomates picados e uma lata de tomate pelado grosseiramente picado.. Refoga-se  em apartado os camarões já temperados. 
Aos poucos e mexendo levemente vai-se adicionando o bacalhau, os camarões e o purê. Tempera-se com a noz moscada, sal e pimenta a gosto.
Por último coloca-se as gemas bem batidas e as claras em neve.
Coloca-se em um pirex , salpica-se com farinha de rosca. Vai ao forno até corar bem.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário