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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O NATAL E AS FRUTAS EXÓTICAS DE MATO GROSSO

Pitomba

Era dezembro de 1970. Após as festas de formatura, noivos, carro emprestado de meu cunhado Roberto, eu e meu marido, sogra e cunhada, pegamos a estrada com destino a  Cuiabá. Dois dias de viagem, época de chuva, o carro atolou várias vezes, pois o Brasil ainda vivia a época das estradas de chão.
Ao chegar em Cuiabá, para mim era tudo novo, uma emoção misturada de aventura e surpresa, era época de Natal, uma vida nova pela frente.
Meu cunhado Benito logo nos convidou para ir à feira do Porto. Fiquei atônita  ao chegar. À minha frente uma pilha de tijolos muito esquisitos. Mas, o que era aquilo? Riram de mim, era rapadura, oras!
Senti um aroma delicioso, suave e instigante. Fui atrás, e conheci o melão cuiabano, em seguida o tamarindo,a pitomba, o caju, o pequi, mangas de vários tipos, aromas que conhecia pela primeira vez.
Neste final de semana, comecei a sentir saudade daquele dia da minha juventude e hoje, máquina fotográfica em mãos, mandei-me para a feira do Porto.
Tantos anos se passaram, mas queria registrar para vocês as exóticas frutas natalinas de Mato Grosso.
Vã esperança, pura fantasia minha. Eu mudei, a cidade mudou, a feira do Porto mudou. Mas, será que as nossas frutas tinham que ter desaparecido?
Cadê a manga rosa , e a manga bourbon  que meu marido gosta tanto? Quero melão cuiabano e me apresentam uma caricatura do melão cuiabano, este que apresento para vocês na foto. Não era assim, juro que não era. Nem este formato  tinha! Não existe mais caju na feira do Porto, o pequi tem quando chega de Goiás, me informa o feirante. E a pitomba, ah, só tem esta aí, (o que mostro na foto), cortaram as árvores , pois os prédios precisavam existir.
O aroma de Natal de Cuiabá antigo não existe mais, constatei, entristecida.
Nada mais tinha a fazer ali. Mas parei para comprar uma caixa de uvas Niagara, saborosa, doce e de repente me deparei com as deliciosas frutas de minha infância, em Curitiba; os pêssegos, as peras, as ameixas do quintal da casa de meus pais, todos rigorosamente arrumados nas prateleiras da Feira do Porto, em Cuiabá.
Afinal, o Natal tem aroma de frutas maduras, quaisquer que sejam!


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