Estivemos em Brasília visitando parentes e meu cunhado Benjamim, antes de um jantar delicioso, com muito bacalhau, pediu licença para ler este poema do Vinícius de Moraes
Não comerei da alface a verde pétala
Vinícius de Moraes
Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dela.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor, nasci
Omnívoro; dêem me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.
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